Vinhos Rosés por Rachel Alves
Muito se tem falado, muito se tem bebido e muito se tem escrito, inclusive eu, sobre os vinhos rosés que não são produto da mistura de vinhos brancos com vinhos tintos.
A cor rosé é proveniente da pigmentação das cascas das uvas tintas, escuras, que dão a coloração. Assim, o enólogo vai “achar” a cor que lhe agrada de acordo com o tempo de maturação do mosto com as cascas das uvas tintas. Então, por conta da maturação, os vinhos rosés mantêm, basicamente, leves características dos vinhos tintos. E é isso que tem agradado o nosso paladar!
Entendemos que o clima quente de Brasília é próprio para o consumo de vinhos rosés. Porque? Porque embora os vinhos rosés sejam provenientes de uvas tintas, eles são elaborados como se fossem vinhos brancos, e por isso são servidos mais frios (gelados), com minha sugestão de serviço a 6°C a 8°C.
Servidos nesta temperatura, são exaltadas algumas qualidades como a delicadeza e a fragrância do perfume, o frescor e a vivacidade do gosto, por exemplo. E perdem a dureza e descem redondo.
Apresentam, ainda, características intermediárias entre os vinhos brancos e os vinhos tintos como: cor, poucos taninos e aromas de frutas vermelhas (particulares dos vinhos tintos) e o frescor, a delicadeza e os aromas de frutas brancas (típicas dos vinhos brancos).
(Paleta de cores dos vinhos rosés de Provance/França da Art Du Vin)
E como são elaborados os vinhos rosés? Geralmente os vinhos roses são produzidos através de um processo próprio de vinificação (e não pela mistura de vinhos brancos e tintos).
Em sua elaboração, a uva é desengaçada e esmagada, iniciando uma breve maceração pelo tempo suficiente para extrair a cor desejada pelo produtor, ou seja, pelo enólogo. Logo depois, a uva é prensada e começa a fermentação. A partir daí, o processo de elaboração do vinho rosé e idêntico ao processo clássico de elaboração de vinho branco.
O processo de fermentação, seja qual for o vinho, segue a equação geral: C6H12O6 = 2C2H50H + 2CO2 onde 1 molécula de açúcar se transforma em 2 moléculas de álcool e 2 moléculas de gás carbônico.
Harmonização: Os vinhos rosés são frescos, suaves e ligeiros, por isso são fáceis de harmonizar. Sua expressão máxima são os pratos da culinária japonesa. Outra dica de harmonização está diretamente ligada aos mariscos (lulas, camarões, mexilhões, peixes). Também harmonizam com embutidos, pizzas, aves e suínos.
E a taça de degustação dos vinhos rosés? É a mais delicada das taças! Eu sou apaixonada por elas. De cristal, lisos e incolores, têm haste bem longa, bojo pequeno e ovalado. Por conta da barriguinha e logo em seguida a cinturinha da taça (design), o vinho é guiado para o centro da língua objetivando realçar o caráter da fruta fresca e promover os sutis aromas característicos das uvas que deram origem ao vinho.
Como Segurar a taça: Segurar a taça de vinho pela haste ou pela sua base, de modo a não tocar no bojo, evitando assim alterações na temperatura, influências de aromas de cremes, sabonetes, perfumes, suor e marcas de dedos que prejudicam o aspecto visual do vinho.
O degustador profissional segura a taça com firmeza pela sua base, com o polegar por cima e o indicador dobrado na parte de baixo. Assim tem-se maior segurança para observar sua cor e, ao girar a taça, pode-se controlar melhor. Tente!
Sugestões de compra: A Vinícola Perini, de Farroupilha/RS, em parceria com o rede de restaurantes Osaka, de São Paulo, desenvolveu o Sushi Wine, um vinho de mistura das uvas tintas Merlot e Cabernet Franc, elaborado especialmente para harmonizar com culinária japonesa. Garrafa transparente para melhor percepção da cor, trás no rótulo layout inspirado nos saquês japoneses, reforçando o caráter temático do vinho.
A Lidio Carraro Vinícola Boutique, de Encruzilhada so Sul/RS, é inspirada na busca pela identidade e excelência do vinho brasileiro (fez o vinho licenciado pela Word Cup 2014), elaborou o vinho rosé Da’Divas a partir das uvas Tempranillo, Tourina Nacional, Merlot e Pinot Noir.
Com visual de cereja claro, é um vinho alegre, jovial, com ótimo frescor, e aromas de rosas e frutas maduras (morango, cereja, damasco, pitanga e mel).
Com boa estrutura e taninos que lhe dão personalidade e longa persistência em boca, a sugestão de harmonização é com massas, frutos do mar, galetos, pizzas, risotos, aves, carnes grelhadas e queijos leves.
Os vinhos rosés não são novidades no mundo do vinho. Nós brasileiros passamos muitos anos tomando o “Mateus rosé”, elaborado em Portugal. Mas Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin (1777-1866), a Veuve Clicquot, foi a primeira a criar o champagne rosé.
Vinho rosé é elegante, é chique!
Tim-tim!