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Jantar romântico!

Jantar romântico!

Mãos suando? Coração batendo forte?
Soube que a moça aprecia vinhos e você, claro, ama o outro fermentado, a cerveja! Mas, para conquistá-la, vai fazer um esforçinho e tomar vinho no jantar naquele restaurante  top da cidade. Afinal, para você vinho ainda é um mistério!
No restaurante, você, muito inseguro, pergunta se ela quer escolher o vinho. Ela, simpática e sorridente, deixa para você escolher (afinal, é o primeiro encontro).
Bem, se fosse o Rondon Fernandes, pediria um Chablis (me disse outro dia que este vinho impressiona qualquer moça culta), mas aqui você fica atônito. Afinal, o sommelier lhe entregou uma “Carta de Vinhos” que mais parece uma larrousse, grande, pesada, capa dura e cheia de informações.
Impressionado, você corre os olhos pelos nomes logo na primeira página discretamente acompanhando a linha que leva até os preços (sem que ela veja). Aquela pressão toda e o sommelier alí ao lado aguardando seu pedido, já esteve diante de tantos casais assim, discretamente, informa que a Carta de Vinhos está ordenada por países e pergunta qual sua preferência.
Você, inseguro, diz que gosta de vinhos italianos, afinal, sempre soube que aquele país era conhecido antigamente por enotria (terra de vinho). Fala também que aprecia os argentinos e lembra que seu avô sempre apreciou os vinhos borgonheses. Daí vem aquela pontinha de curiosidade: porque borgonhês e não francês? Nunca havia pensado nisso antes!
Animado, você olha para o sommelier e, atônito, em meio aquele emaranhado todo, você fala: Queremos um vinho espumante para começar.
Imediatamente, olha para ela e vê aquele sorriso… Ufa, acertou! Ela queria mesmo espumante. Mas qual? Resolve lhe perguntar. Ela sugere aquele espumante brut elaborado das uvas Chardonnat e Pinot Noir produzido no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves/RS.
Você elegantemente diz: boa escolha! Mas porque esta espumante?
Imediatamente, ela diz: não é esta e sim este vinho espumante!
Bingo!
Não deu outra: a moça começou a falar que os aromas de flores brancas e de frutas tropicais como abacaxi, maracujá e pêssego são peculiares dos vinhos espumantes daquela região. Aliás, diz a moça: é peculiar de todos os vinhos espumantes elaborados com a uva chardonay e observa que estes vinhos espumantes têm amargor, acidez, preenchem a boca, são delicados…
O rapaz já embriagado com 2 taças do vinho espumante sentia-se confortável com aquela companhia, mas já se preocupava com o vinho que deveria escolher para acompanhar o filé de robalo que ela escolheu e o filé poivre vert que ele tanto aprecia. Preocupado em acertar a próxima escolha e inebriado com o sorriso daquela bela moça, tremeu quando o sommelier lhe perguntou “qual vinho Senhor?”. Imediatamente, moça disse sem o mínimo pudor: vamos continuar com o espumante, ele pode acompanhar todas as nossas escolhas de hoje.
Ufa, salvo pelo gongo!
Nossa, é tão difícil assim escolher um vinho? Pode até ser! Pode até parecer difícil! Pode até exigir um pouco de conhecimento e bom senso! Aliás, bom senso faz parte do ritual do serviço e da escolha de um vinho, que vem sendo passado de geração a geração, de cultura a cultura.
Tin-tin!

Rachel Alves: Eu fui professora das disciplinas: “Alimentos & Bebidas” e Vinhos na faculdade de gastronomia do UniCEUB; Enogastronomia e Serviço das Bebidas no IESB, Alimentos & Bebidas na Facitec. Na Confraria também ensino a preparar pratos e dou aula de vinhos/harmonizações, usando sempre a técnica da "escola italiana", pois tenho os títulos de Sommelière e de Juíza Internacional do Vinho pela FISAR-Federacione Italiana Sommellier, Albergatori, Ristoratori, Delegazione del Piemonte/Itália.